quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Two Things


Tem um vídeo que devo compartilhar com todo mundo. É esse acima, tem uma hora que o rapaz fala assim:

"Duas coisas.

Seja amigo

Seja honesto"

Isso me pareceu muito o resumo da vida.

Pode-se dizer que este blog conta a história de um surfista iniciante.

Eu já havia feito várias tentativas de surfar na vida, mas era sempre aquela chatice de ter que tomar 58 vacas pra uma onda de pé.

Não sabia que havia comprado uma prancha errada, muito pequena para as minhas medidas, o que atrasou bastante o aprendizado, era como eu querer aprender a dirigir com um carro de fórmula 1, seria mais fácil aprender primeiro num carro normal ou até em um kart.

Aí nesse verão segui os conselhos do amigo Clayton da Tricoast Surfboards e fiz uma prancha maior, mais larga, com maior flutuação, nossa, eu não imaginava como isso ajudava, é muito mais fácil de subir e permanecer em pé na prancha, praticamente na primeira onda já fiquei de pé, ao fim das férias havia evoluído bastante.

Claro que tive outras dificuldades de iniciante, a minha barriga doía muito no ínicio, ela assou toda, no último dia já estavam sangrando as feridas. Fora a dor nos ombros, não sei se é porque eu não tava acostumado, mas remar já era uma penitência. Também fica notável a mudança na postura corporal depois de diversas sessões na água.

Com o tempo aprendemos a dropar diferentes tipos de onda, e isso é muito do treino, todo surfista que hoje é profissional, ou profissionais de outras áreas, "...passou tempo praticando os movimentos básicos, sempre de novo, com uma constância e persistência notáveis, até que esses movimentos básicos de tornem naturais e inconscientes como o respirar. Depois, no drop (descer na onda),não precisam parar e pensar o que fazer quando o momento requer ação rápida." Adaptação de Bettger, Frank.

Eu sou ruim, mas acho que o segredo das feras é a persistência. Estou entusiasmado em tentar. Vamos ver se mesmo sendo um desengoçado, deficiente mental eu ainda consigo pegar umas ondinhas.

Geralmente ia pro mar cedinho, umas 6h, tenho visto que esse é o melhor horário para a prática do surfe no Brasil, pois as ondas estão melhores graças aos movimentos das marés, além de ser o horário mais livre de crowds, e também sem falar que é bonito a beça acompanhar o nascer do sol. Mas numa dessas manhãs estavam comigo dentro d'água apenas mais 2 surfistas, e um deles me chamou atenção pelo seu porte atlético, não quero parecer boiola, também sem preconceitos, mas me chamou atenção a rasgadeira do brother, o corpo quase sem gordura, com a musculatura a vista. E ele detonava nas ondas, pensei "bah, o cara, surfa direto. Surfe é um esporte fera mesmo, desenvolve bem o corpo, queima bastante". Tá, saí, fui almoçar e depois quando era mais tarde, tava olhando de fora, nas pedras, a galera surfar e conversando com um nativo de Itacaré, o Jacaré, e aquele surfista que tinha visto de manhã tava na água, nisso curiosamente o Jacaré lança espontâneamente uma assim - "...esse é o fulano de tal, vocês não tem idéia de como ele era gordo.". Me chocou, era justamente o moleque que eu tinha reparado de manhã.

Por isso digo, surfe é irado mesmo, é tão bom pegar onda, tu fica tão feliz que tu se pilha de ter uma alimentação legal pra ficar levinho e assim detonar em cima da prancha, se pilha também de praticar esportes para melhor o condicionamento, é mágico. No fim toda a sua vida está transformada, para bem melhor.

Há pranchas para todo tipo de pessoa, altas, fortinhas, levinhas, e até de cadeira de rodas, como no vídeo lá de cima...digo, vale muito a pena, fora que na água a gente conhece gente muito bacana. O fabuloso mestre Gouveia conheceu sua esposa pegando onda.

Pretendo não parar nunca mais e se nosso Pai permitir queria ter muitas oportunidades de surfar bastante. É uma sensação complexa.

A vida é assim mesmo, só se aprende caíndo. Né? Então vamo tomar vaca pra caramba, engolir água salgada a beça e correr atrás de nossa felicidade sem medo.

Ouvi falar que a capacidade de levar não, ou sofrer derrocadas e negativas era proporcional a quantidade de realizações que o sujeito fará.

Segundo Jean-Paul Sartre somos ou seremos lembrados pelas nossas realizações, ações e não pelos projetos e ideais. Então o negócio é tentar, se você tentar você consegue, se não tentar, sua chance de conseguir é ZERO. E se não ter o que queremos é doloroso, imagine se o motivo da baixa for nosso medo.

Tá chega de papinho filosófico. Obrigado se você teve paciência e chegou até aqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

Qual é play, é nois leke
concordo com tudo q vc escreveu
to aprendendo a surfar
e tive a felicidade de pegar minha primeira vaca em jeribucaçu/itacaré-BA

abração muleke